novembro 19, 2009

Apagão X Hiperglicemia

Pois é... porque até o apagão mexe com a vida de uma criança diabética.

Ela estava muito bem no jantar, com 78 de glicemia, comeu direitinho, se deliciou com a carne de avestruz...Aos piscar das luzes... televisão ligando e desligando ela estava no sofá da sala e eu na cozinha avisei: VAI ACABAR A LUZ, ESTOU AQUI, NÃO FIQUEM COM MEDO...

Não adiantou muito, ela começou a se apavorar e chorar dizendo que não queria 'passar mal'. O passar mal a que ela se referia é a tão famosa e temida crise de hipoglicemia. Ela teve duas dessas crises mais sérias onde ela parece estar consciente, de olhos abertos porém grita, tem tremores, espasmos e percebi que também não escuta. Seu maxilar trava e ela não consegue engolir. Parece uma crise de pânico porque em diversos momentos ela olha pra algum lugar, vai arregalando os olhos e começa a gritar e ter espasmos como se algo extremamente assustador estivesse vindo em sua direção fazer algum mal.

Já aconteceu dormindo e segundos antes dos gritos começarem ela me chamou e disse que estava com medo. Eu perguntei do que era esse medo e ela já não respondeu, mais dois segundos e os gritos começaram e eu os reconheço instantaneamente. Acendi a luz e ela estava deitada de barriga pra baixo e também não se mexia. Tinha os espasmos mas não respondia quando falávamos com ela. Meu pai a segurou no colo, (com a gritaria todos vieram ver o que estava acontecendo) enquanto eu ia colocando o mel em sua boca e cuidando para que ela não engasgasse. Em 2 minutos ela voltou como se nada tivesse acontecido. Ela só sabe que passou mal porque percebe o movimento na casa quando retoma a consciência.

Acho que o apagão, tudo piscando e escuro deve ser um indicativo de que ela está passando mal antes de ficar inconsciente. Meu coração ficou muito apertado, senti muita pena dela. Fiz o exame e a glicemia estava em 410... certamente devido ao stress, o medo... cortisol é um inferno.

Conversamos, passeamos pela casa pra ela perceber que não era o corpo dela que estava produzindo aquelas sensações e deixando tudo escuro. Meu irmão e minha mãe também disseram que estavam com medo, e quando ela finalmente percebeu que tudo estava apagado, todos com velas, ela se tranquilizou e conseguimos dormir. Quer dizer, ela dormiu, eu tive que ficar com ela na cama dela e não dormi nada.

A Duda, irmã de Vittoria que faz 5 anos em dezembro, achou tudo o máximo, disse que não tinha medo, andou pela casa no escuro.... mas não dormiu. Ficou bem agitada e segurou minha mãe a noite inteira.

Ser mãe de diabético é ser endocrinologista, nutricionista, enfermeira e PSICÓLOGA !!!

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