fevereiro 22, 2010

Guloseimas na escola...

Minha maior preocupação com relação ao diabetes, a Vittoria e a escola sempre foi a questão da auto-estima dela. Que é baixa (ou era, hoje ela está bem melhor)... e como lidar com isso e as coisas na vida dela que já eram diferentes da dos colegas. A minha preocupação e da Pediatra Homeopata que cuida das questões 'psicológicas' também era de que durante o tempo que ela permanecesse na escola, as situações em que ela se sentisse diferente pelo diabetes deveriam ser evitadas NESSE MOMENTO !!!!

Ano passado foi um momento super delicado. Maria Vittoria começou a se perceber diferente dos colegas e isso a desanimou. Então desde o começo do ano, meu objetivo, além dos básicos, era fazer com que ela se sentisse o MELHOR possível e MENOS diferente possível dos colegas. Claro, todos somos diferentes em diversos aspectos mas nessa idade, qualquer coisa pode ser motivo, quando já não se está bem, pra ficar pior ainda.... "Por que fulano pode e eu não? Por que ela tem isso e eu não?" etc...etc...etc...

Começaram com os aniversários na escola. Após o lanche, as crianças se reúnem, cantam parabéns e comem bolo com refrigerante. Essa festinha não é comunicada aos pais para que não haja troca de presentes. Após a primeira, e ver a glicemia da Vittoria em 400 em casa, conversei com a professora. Expliquei pra ela que MINHA FILHA VAI FAZER TUDO QUE AS OUTRAS CRIANÇAS FAZEM NA ESCOLA, VAI PARTICIPAR DE TODOS OS EVENTOS TENDO ELES COMIDAS E DOCES, ou não. Combinamos que.. nos aniversários, que a professora SIM sabia com antecedência, ela me avisaria, pra que eu diminuísse os carboidratos no lanche e providenciasse um refri diet. Ela faria anotações das quantidades pra que eu corrigisse a glicemia e evitasse as hiper. Foi ótimo. Deu certo. Vivi participou de todos os aniversários, experimentou de todos os bolos e não se sentiu diferente de ninguém. Alguns pais, já familiarizados com a situação,  mandavam algo diet pra ela. O diabetes alí era uma mera característica que não a privaria do convívio com os colegas, nem a faria se sentir diferente por não poder comer ou fazer o que os outros faziam. [Lembrando que ela é uma criança, e que eu não tenho a intenção de que ela sinta que o diabetes a priva de coisas, isso com o tempo e a maturidade,  vai descobrir sozinha e fazer suas escolhas].

Foi para o acampamento com a escola. No terceiro mês de aula. Ficou 3 dias longe de mim. Tive uma prévia do que é ter um filho sendo cuidado por outra pessoa e tendo que confiar nessa pessoa. Cresci muito,  Vittoria voltou mais independente e eu não tenho a menor ideia do que ela comeu. A glicemia dela esteve ótima nos 3 dias. Nenhuma hiper.

Foi num passeio, num sítio e aprendeu a fazer bolinho de chuva. Antes do ônibus sair a professora veio me perguntar: "Nicole, normalmente nesse lugar, eles fazem uma receita caseira e comem no lanche o que eles fizeram. Quero saber se a Vittoria vai poder comer porque normalmente é algo doce" E eu disse: "Ela pode comer sim, mas você vai anotar direitinho tudo que ela comeu pra eu corrigir depois." Dito e feito ..e, o mais legal, o pessoal do sítio, ao saber que ela era diabética, preparou uma receita com menos açúcar, menos farinha eeeee não passou os bolinhos no açúcar. Foi uma receita especial pra ela. Ela se sentiu diferente de uma forma positiva. Os amigos ficaram curiosos, quiseram experimentar e gostaram. E ela voltou super animada, porque fizeram algo só pra ela !!!

Numa outra situação, no dia das crianças, as professoras montaram uma casa de doces, com bolachas recheadas, marshmellows, balas de goma, enfim, e contaram a história de João e Maria e no final as crianças poderiam comer os doces. Eu estava presente nesse dia por ser professora da escola e terem usado minha aula pra contar a história. Eu ví tudo alí... e não podia NUNCA NO MUNDO proibir minha filha de participar daquele momento ou restringir a brincadeira a UMA bolacha.. a professora me olhou e eu dei um sinal de que tudo bem.... e corrigimos. E foi assim, mesmo quando eu não podia ser consultada, a professora partia do principio de que eu não queria que a Vittoria ficasse de fora, então permitia sem excessos e me comunicava depois.

Se isso é certo ou não, não sei. Os doces estão aí, nossa cultura faz tudo em torno da comida, todas as comemorações se dão em torno de comida.
As pessoas associam crianças aos doces, compram as crianças com doces e isso é realmente um crime. Vou brigar com o mundo? Vou me irritar toda vez que um vendedor de uma loja oferecer UMA bala ou UM pirulito pra elas??? Eu não.... UM pirulito, UMA bala... não fará diferença. A quantidade de carboidratos em UM docinho desses não altera a glicemia. Será que vale me estressar, revoltar por uma atitude de pessoas que não tem noção da minha realidade e pior, que antes do diabetes eu aceitaria NUMA BOA ???? Acho que não vale a pena. PORÉM, não perco a oportunidade de EDUCAR com relação ao diabetes, explico a situação da Vittoria, explico sobre o diabetes e sugiro que não façam isso sem antes saber da mãe se a criança pode consumir um doce. Conheci um menininho que tem alergia a qualquer corante vermelho e nesse caso não há algo que corrija, como a Vivi tem a insulina, ele pode passar muito mal MESMO...

E presenciei situações que me deixaram imensamente orgulhosa da minha filha e do 'trabalho' que desenvolvo com ela... No circo [vocês já podem imaginar o que tem de guloseimas] alguém a ofereceu pipoca doce e ela não aceitou, se dizendo diabética. E disse isso com ORGULHO, feliz da vida dela, e veio saltitando me contar a conquista.

O açúcar não é necessário. Ele não trás benefício nenhum, muito pelo contrário. A história do açúcar é curiosa e cheia de conflitos e mortes.. não há de ser algo bom. Porém, estamos inseridos numa sociedade doce, comilona.. e apesar de cuidar da alimentação delas não posso simplesmente ser alheia ao que acontece ao meu redor. Faz pouco tempo que ela é diabética em relação à idade e em quanto tempo ela ainda terá que lidar com isso... então, não precisa ser radical. Precisamos ser acolhedores. Deixar com que a criança se sinta confortável com a doença que será camarada dela pro resto da vida. Um doce na escola, numa festa... não fará diferença na questão física, mas pode fazer uma ENORME diferença no emocional de uma criança !!!!! E não esquecer NUNCA de aproveitar as oportunidades pra SEMPRE falar sobre o assunto. Eu digo: "Você pode comer hoje, é uma situação especial, mas você também sabe que isso não é bom pra você nem pra ninguém." E aos poucos vamos educando, tirando os doces, as gorduras, com consciência, paciência e principalmente com a participação dos envolvidos.


Um comentário:

  1. Obrigado pelo seu site.

    Gostaria de indicar aos seus leitores um video de Jamie Oliviers combatendo a obesidade e a diabetes desde a infancia – vale a pena assistir e refletir – http://bit.ly/dAnSwQ

    Tenho 60 anos e ha uns 5 meses descobri o video de 2 medicos americanos, que me ensinaram a curar a diabetes tipo 2 apenas alterando a minha alimentação. Em apenas 1 mes consegui a remissão dos sintomas da diabetes. Veja mais aqui: http://bit.ly/9RvXuS

    Obrigado, e felicidades a Voce e aos seus leitores.

    Helio
    heliopnl@yahoo.com.br
    http://twitter.com/heliopnl

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